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Exercício Físico e nutrição. Sinergias em Saúde e Bem-estar

Os tempos mudam, os hábitos mudam e cada vez mais recorremos a alimentos que não os melhores para a nossa saúde! Mantendo como objetivo principal a saúde e o bem-estar, seria de todo o interesse para os GHC e para os profissionais desta área - os nutricionistas - que houvesse uma maior interação entre todos.

O nosso organismo, habituado a uma dieta pobre em calorias mas rica em substâncias bioativas (vitaminas, minerais e fitoelementos), fibras alimentares abundantes, hidratos de carbono complexos, proteínas de qualidade e gorduras saudáveis é agora agredido com alimentos de elevado conteúdo calórico mas baixa densidade nutricional.

Atualmente, a desnutrição por excesso de peso ou obesidade ultrapassou a subnutrição que ainda atinge tantos milhões de pessoas nos países subdesenvolvidos.

Em Portugal, o excesso de peso e a obesidade atingem números assustadores: 3,5 milhões e 1 milhão  de pessoas respetivamente.

A realidade alimentar no nosso mundo está diferente. Nos últimos 100 anos, a alimentação mudou drasticamente, no entanto, as instruções fornecidas pelos nossos genes às células ainda não. É muito pouco tempo para uma adaptação genética aos novos “combustíveis”.

As consequências são, nomeadamente, o aumento das Doenças Cardiovasculares, da Diabetes e de algumas neoplasias. De uma forma mais pragmática, poderemos afirmar que, se não alterarmos o estilo de vida, morreremos mais cedo e teremos uma qualidade de vida menor, apesar das dispendiosas terapêuticas inovadoras que vão surgindo.

Por outro lado, a industrialização da agricultura tem diminuído a qualidade nutricional de alimentos que consideramos saudáveis. Muitos legumes ou frutas têm, comparativamente com há 15-20 anos, quantidades muito inferiores de vitaminas e minerais. Neste caso, as deficiências crónicas desses micronutrientes irão interferir em inúmeras funções do nosso organismo – debilidade imunológica, diminuição das capacidades física e psíquica, entre outras.

Concomitantemente, a estas alterações nutricionais, evoluímos para um estilo de vida sedentário, também ele muito nocivo.

O trabalho físico tem sido substituído pelo trabalho intelectual, deslocamo-nos de carro para todo o lado, as horas diante de um ecrã de computador ou de televisão são intermináveis e, mais grave ainda, as nossas crianças também “sofrem” desta inércia.

O cenário descrito não é nada bom.

Mas sejamos positivos e proativos. É sempre “timing” certo para mudar os hábitos alimentares e para iniciar a prática de exercício físico. Esta é uma verdade importante que devemos sublinhar e repetir.

E quem deve intervir na mudança destes hábitos de vida?

A Escola deveria ter o papel educador de boas noções de Nutrição e iniciador sério na prática do Exercício Físico das crianças e dos jovens. Mas não é.

A Medicina deveria apostar na prevenção e no despiste precoce da Doença mas “apenas” tem meios para a tratar ou aliviar.

Sendo médico há mais de 30 anos, tenho acompanhado, como profissional mas também como utilizador, o crescimento em Portugal dos pequenos, médios e grandes GHC desde há 25 anos.

Assim, considero que os Ginásios e Health Clubs (GHC) são, e podem ser ainda mais, entidades-chave na reversão desta grave situação de Saúde Pública ao aliarem a área da Nutrição ao seu “core-business” – a prática do Exercício Físico orientada por profissionais.

A Nutrição – pilar fundamental da saúde e bem-estar -  deverá ser parte ativa dos GHC mas não tenho a certeza se já há uma integração e otimização eficaz desta importante valência.

O que pretendo dizer é que, mantendo como objetivo principal a saúde e o bem-estar, seria de todo o interesse para os GHC e para os profissionais desta área - os nutricionistas - que houvesse uma maior interação entre estes últimos e os sócios.

A sua intervenção deveria começar sempre por uma avaliação inicial. Este momento de recolha de informação e de fornecimento de conselhos é crucial para estabelecer uma relação. Faz parte do smart start.

Por outro lado, quando o instrutor e o nutricionista intervêm numa avaliação inicial, criam-se sinergias com maior eficácia dos conselhos e das orientações dadas.

Esta envolvente ajudará na vontade de alterar o estilo de vida. Ajudará na mentalização para a mudança.

Um alerta deve ser feito. Os objetivos e expectativas devem ser adequadas, quer do ponto de vista de aptidões físicas quer de correção da composição corporal.

Com esta abordagem inicial e havendo proatividade no agendamento de reavaliações em Consulta de Nutrição, estamos a relacionar a Nutrição com aquilo que o sócio pretende -  Saúde e Bem-estar.

Outra vertente importante é prestar informação nutricional a quem pratica exercício físico:

  • noções gerais das necessidades nutricionais basais; das necessidades pré, durante e pós exercício;
  • salientar a importância da hidratação;
  • ajudar nas escolhas de alimentos saudáveis;
  • evitar ou minimizar erros alimentar;
  • e sublinhar a importância do empenhamento e adesão a programas nutricionais personalizados.

A promoção desta informação aos clientes (via e-mail, em Consulta de Nutrição, em vídeos nas TVs dos GHC ou em breves workshops) terá lógica se também – em termos empresariais - o GHC, o nutricionista e o parceiro que explora o espaço de restauração obtiverem vantagens.

Não só como médico ou gestor de projetos em saúde mas principalmente como utilizador de GHC, considero que, com a supervisão do nutricionista, uma atitude criativa da área de restauração e o apoio do GHC, será possível uma grande adesão dos sócios se forem proporcionadas refeições, snacks e bebidas saudáveis, com eventual suplementação de qualidade, para as necessidades nutricionais pré, durante e pós exercício.